quinta-feira, 14 de junho de 2012

Resenha: A Herança de Valdemar


Pôster
Título Original: La herencia Valdemar
Gênero: Horror, Suspense 
Duração: 104 min 
Ano de lançamento: 2010 
Direção: José Luis Alemán 
Roteiro: José Luis Alemán 
Produção: Miguel Ángel González; Iñigo Marco 
Orçamento (estimado): 13, 000, 000 milhões de euros 
Bilheteria: Informação não encontrada 
Elenco: Daniele Liotti (Lázaro Valdemar); Óscar Jaenada (Nicolás Tremel); Laia Marull (Leonor Valdemar); Silvia Abascal (Luisa Llorente); Rodolfo Sancho (Eduardo); Ana Risueño (Dra. Cerviá); Norma Ruíz (Ana); Santi Prego (Santiago); José Luis Torrijo (Dámaso); Jesús Olmedo (Chambelán); Francisco Maestre (Aleister Crowley); José Torija (Engendro); Vanessa Suarez (Lizzie Borden ); Laura Toledo (Belle Gunnes); Lino Braxe (Bram Stoker); Jimmy Barnatán (Garbea); Ana Bullón (Beatriz); Lucas Trapaza (Fuchini); Luis García (Comisario Dartin); Soraya Padrao (Nany); Ignacio García-Bustelo (Nacho García-Bustelo); Amaia Garmendia (Luz); Paul Naschy (Jervás); Eusebio Poncela (Maximilian)
Sinopse: Luisa Llorente, perita em tributação de construções antigas, se mudou para a misteriosa mansão Valdemar para coordenar um inventário de posse de bens, e desapareceu. Maximilian, presidente da companhia que Luisa trabalha, contrata os serviços do detetive Nicholas Tramel para encontrá-la. Mas esse não é o primeiro desaparecimento! 
IMDb: http://www.imdb.com/title/tt1242744/


Análise:
“—Diga-me, por favor, como quer que eu durma tranquila se não me contar nada?
  —Se lhe contar, não dormirá nunca mais pelo resto de sua vida.”

Saudações, caros leitores do Policial da Biblioteca! Já faz algum tempo que não realizo uma resenha de filme, como talvez vocês tenham notado. O motivo? É que ultimamente não tenho assistido muitos filmes, logo não havia o que resenhar sobre o assunto e não gosto de manter análises “forçadas”, ou seja, se não estou com vontade de ver filmes para resenhar, não o farei. Agora vamos mudar um pouco de assunto. O horror cósmico, criado por Lovecraft, é uma das formas que mais aprecio neste gênero e com certeza um filme que retratasse tão bem isso não poderia ficar afastado de minha apreciação. “La Herencia Valdemar” é fascinante e cada segundo dele é uma verdadeira aula do que é horror.
A trilha sonora é completamente instrumental e as melodias melancólicas proporcionam uma imersão profunda na trama que como é esperado das histórias mais refinadas de horror, não mantém seu peso em uma exposição exagerada do “mal” ou do “monstro”, mas em uma presença aterradora que parece circular sempre nos cantos mais escuros, seja das nossas mentes ou da terra. Essa “presença” fica subentendida em pequenos gestos, coisas até já conhecidas para quem está habituado a assistir filmes de horror. Essas sutilezas são páginas de livros que passam sem haver qualquer corrente de ar no local, sombras que se movem mesmo sem uma oscilação de luz, visões que fazem os personagens se questionarem sobre o que é real ou se estão enlouquecendo e vários outros meios são usados para comunicar o medo sem palavras.
A história começa no presente, mas mesmo tendo como prólogo o cenário urbano de uma cidade grande, as interpretações de alguns atores nos remetem a um tempo anterior e explicitamente envolvidos por segredos, coisas que são unicamente sussurradas em noites de uma forte tempestade, mas que, para infortúnio de algumas pessoas, irão emergir de suas tocas e, com suas formas hediondas, trarão consigo as trevas mais densas que o universo pode conceber.
O filme não é baseado em uma história de Lovecraft, como alguns talvez imaginem, mas possui fortes referências estéticas às suas obras e de outros escritores, alguns dos quais, sem dúvida alguma, influenciaram o grande escritor de Providence.
Na produção há um recuo temporal com a finalidade de nos elucidar um pouco sobre a história da velha casa do senhor Valdemar e os tenebrosos acontecimentos que usaram aquela residência como palco. Esse foco no passado toma grande parte do filme e acaba sendo um aperitivo extremamente satisfatório para a sua continuação. Sim, “La Herencia Valdemar” possui uma continuação, mas essa primeira parte é tão bem construída que nos justifica a necessidade de uma sequência, acho que esta produção poderia até mesmo ser exibida como uma minissérie.
A transição entre presente e passado é perfeita e em nenhum momento os personagens adotam características que destoam de suas épocas especificas, provando o talento exímio do elenco que parece uma única unidade, uma única pessoa de tão harmonioso que é, afinal tornar tão viva uma época que não vivemos é um trabalho enorme, ao menos quando é planejado para alcançar a excelência. O trabalho de iluminação é magnifico e por ser distinto no presente e no passado traça uma separação temporal primorosa e faz com que o espectador tenha a impressão às vezes de acompanhar dois filmes que se completam.
O desfecho acontece no ponto exato e torna impossível que o espectador não deseje assistir a continuação, além de que após os créditos finais há cenas que aguçam ainda mais a nossa curiosidade e já me fizeram ter a certeza de que a resenha do próximo filme terá ainda mais coisas para comentar. A minha conclusão é de que os espanhóis se mostram grandes mestres quando o assunto é filmes de horror e poderiam dar uma aula para alguns diretores americanos com seus filmes de grandioso orçamento, mas pobres quando olhamos para o roteiro. Recomendo este filme! Preferencialmente assistam à noite e num cômodo somente com a televisão ligada, acreditem...a experiência será ainda mais legal nessas circunstâncias. Bom filme a todos e bons pesadelos, quer dizer...bons sonhos! Até outro momento.

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