sábado, 24 de março de 2012

Resenha: A Entidade

Pessoal, é com prazer que anuncio que temos mais um colaborador pro Policial da Biblioteca! Conhecemos o Edilton por meio do site Stephen King Brasil, onde ele é administrador e nós colaboradores. Ele irá nos ajudar postando resenhas =) Seja bem vindo Edi!

Título Original: The Entity
Título Traduzido: A Entidade
Editora: Círculo do Livro
Ano: 1986
Número de páginas: 480

“Havia alguma coisa... Alguma coisa acontecendo com Carlotta”. 

 Admito que as palavras iniciais de “A Entidade”, de Frank de Felitta, aliadas a sinopse que li previamente na descrição do sebo no qual adquiri o livro, (há alguns exemplares com precinhos bem camaradas na estante virtual) suscitaram em mim, inicialmente, um misto de sentimentos contraditórios. Minha primeira impressão foi: Lá vem mais um livro de suspense meia boca. Entretanto, resolvi deixar de lado o ditado sobre a “primeira impressão é a que fica” e dar prosseguimento a leitura, já que o plano de fundo da história foi algo que me cativou bastante. Uma temática forte, para um livro escrito em uma época onde espíritos e exorcitas estavam em moda. Não poderia ter tomado uma decisão mais acertada. Logo nas primeiras páginas o romance prendeu minha atenção e fez jus às minhas expectativas.


“A Entidade” conta a história de Carlotta Moran, uma viúva, mãe de três filhos, que estuda e que vive com a ajuda do dinheiro da previdência social. Apesar dos tropeços que a vida já havia proporcionado à pobre Carlotta, sua vida recente seguia relativamente normal, até que um dia, após chegar do seu curso, ela é brutalmente violentada por um estranho inimigo invisível. Carlotta decide não dar importância ao fato, já que ela mesma não acreditava no que havia acontecido e pensava que tudo poderia ter se tratado de um sonho, até que os estupros passam a se repetir e se tornam mais constantes. Perturbada ela busca ajuda em sua amiga Cindy, que lhe indica um psiquiatra, o Dr. Gary Sneiderman. É nesse ponto que as coisas começam a ficar realmente interessantes...

O perigo de abordar o sobrenatural na literatura é que o romancista corre o risco de acabar tornando sua narrativa demasiadamente infantilizada, se não souber como conduzir a história,. ainda que sua proposta seja exatamente contrária a isso. Felizmente isso não acontece com “A Entidade”. Sneiderman é a contra parte dos crentes. Extremamente cético, ele não só se recusa a aceitar os argumentos sobrenaturais de Carlotta, como constantemente os refuta, utilizando-se de inúmeras teorias psicanalíticas para isso, dando ares mais criveis ao romance. Em determinados trechos o próprio leitor pode se encontrar perguntando-se se a pobre Carlotta realmente foi violentada por uma entidade do outro mundo, ou se simplesmente tem um parafuso a menos.

Com personagens bem construídos (temos o grupo de parapsicólogos que tentam provar a existência da entidade e que acreditam piamente em seus métodos “científicos”, o psicólogo cético, a mulher problemática, o namorado que valoriza mais o trabalho do que a própria Carlotta...), o desenrolar da trama se dá de maneira bastante agradável. Diferente do que vi em muitas críticas sobre o livro, não concordo que ele seja monótono. Muito pelo contrário. As constantes agressões da entidade, aliadas ao debate entre psicanalise e parapsicólogia (ramo da ciência que estuda fenómenos supostamente sobrenaturais e que, se hoje ainda é uma área um tanto quanto desacreditada, na época em que o romance foi escrito, em meados dos anos 80, era mais ainda) deixam o romance dinâmico e substancialmente mais divertido. Além disso, com o tempo descobrimos detalhes do passado de Carlotta que podem, senão resolver o mistério, pelo menos jogar um pouco mais de luz sobre os fatos sobrenaturais que permeiam sua vida.

Em resumo, “A Entidade” é um romance conciso, que apesar de possuir alguns trechos monótonos, talvez até mesmo desnecessários (e, afinal de contas, qual boa história não padece desse mal?) empenha muito bem o papel de representante do gênero suspense/terror na literatura moderna. Fãs de Stephen King e afins com certeza irão gostar.

Um pouco sobre Frank de Felitta: O norte americano (de ascendência italiana) Frank Paul de Felitta, nasceu em Nova York em 3 de agosto de 1921. Ingressou na Universidade da Carolina do Norte onde permaneceu por dois anos, 1939 e 1940, quando eclodiu a segunda guerra mundial. De Felitta foi convocado para as forças aéreas norte-americanas, onde serviu dos anos de 1941 a 1945, tornando-se Capitão. Quando voltou da guerra, envolveu-se com o meio televisivo, trabalhando para a CBS, onde permaneceu durante 8 anos como produtor, diretor e escritor. A partir de 1962 multiplica seus roteiros para a tv, trabalhando agora para a rede NBC, ao mesmo tempo em que ingressava nos cinemas. Oktoberfest (Terror na Oktoberfest, no Brasil) foi o seu primeiro romance, lançado em 1972.

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